quinta-feira, 9 de junho de 2011

A VERDADE: SUA NATUREZA ABSOLUTA (PARTE 1)

A relatividade da verdade é normalmente uma premissa do pensamento atual. Segundo as teorias da verdade relativa, algo pode ser verdadeiro para uma pessoa, mas não para todas as pessoas, ou pode ser verdadeiro numa época mas não em outra.

A natureza absoluta da verdade diz que o que é verdadeiro para uma pessoa é verdadeiro para todas as pessoas, épocas e regiões. A visão adequada e imparcial da verdade é a visão da correspondência. Verdade factual é a que corresponde aos fatos. É o que corresponde à situação real que está sendo descrita.. É o que corresponde à realidade.

A correspondência se aplica a realidades abstrata e factuais. Há verdades matemáticas. Há verdades sobre idéias. Em cada caso há uma realidade, e a verdade expressa precisamente.

Falsidade é o que não corresponde, não é a realidade nua e crua e representa mal a maneira como as coisas realmente como são. A intenção por trás da afirmação é irrelevante. Se não há correspondência adequada, ela é falsa.

Todas as visões de não correspondência da verdade implicam correspondência, mesmo quando tentam negá-la. Por exemplo, a afirmação: "A VERDADE NÃO CORRESPONDE À REALIDADE" implica que essa afirmação corresponde à realidade. Assim, a visão de não correspondência não pode se expressar sem usar uma estrutura de correspondência como referência. Se as afirmações factuais de uma pessoa não precisam corresponder aos fatos para serem verdadeiras, qualquer afirmação factualmente incorreta é aceitável. Torna-se impossível mentir. Qualquer afirmação é compatível com qualquer situação.

Para saber se algo é verdadeiro ou falso, deve haver uma diferença real entre as coisas e as afirmações sobre as coisas. Mas correspondência é a comparação de palavras com as suas referências. Logo, uma visão de correspondência é necessária para entender afirmações factuais (afirmar os fatos).

A verdade não é determinada por voto majoritário. Vejamos as razões que muitas pessoas dão para achar que a verdade é relativa.

Primeiro, certas coisas só parecem ser verdade em certas ocasiões e não em outras. Por exemplo, muitas pessoas acreditavam no passado que a terra era plana. Agora sabemos que essa afirmação de verdade estava errada. Parece que esta verdade mudou com o passar do tempo. Será que mudou?

A verdade muda ou o conhecimento sobre o que é verdadeiro muda? Bem, certamente o mundo não mudou de cubo para esfera. O que mudou em relação a isso foi nosso conhecimento, não nossa terra. Ele mudou de um conhecimento falso para um verdadeiro.

(continua...)

Um comentário:

Paulo Sergio Tometich disse...

Perfeito! Seus últimos dois parágrafos indicam que a realidade não mudou, mas nosso conhecimento sobre essa realidade mudou no caso apresentado, portanto, nossa afirmação sobre o fato, nossa concepção sobre o que seja real, verdadeiro entendido como o estabelecimento de uma condição de verdade, mudou.
O que se diz é que não existe a possibilidade de testar, invariavelmente, todos os casos em que A seja P. Não que "certas coisas só parecem ser verdade em certas ocasiões e não em outras.", como afirma.
Pela impossibilidade de verificar que todos os fatos que observamos se repitam indefinitivamente, nosso conhecimento é contingencial, a verdade como produzimos é portanto relativa, o que, obviamente, não muda a realidade.
Essa inferência levou Popper a criticar o verificacionismo e propor o falsificacionismo, como forma de testar a condição de verdade de uma convenção de base empírica, ou seja: já que não é possivel VERIFICAR todos os casos em que A seja P, podemos elaborar metodos que busquem comprovar um caso em que A não seja P, para que a condição de verdade seja derrubada, assim, o conhecimento torna-se contingencial.
Muito embora, seja possível usar o exemplo clássico de que, o fato (factual), de o sol ter nascido hoje, não é garantia de que ele nasça amanhã. O que é uma afirmação de que existe uma mudança possível da realidade, mesmo que o consideremos improvável.
Mas aqui estamos falando de experiências empíricas, entrando no campo abstrato, o jogo fica ainda mais complicado.
Você pode dizer, por exemplo, que você acredita na existência de Deus, você ainda pode dizer que muitos outros acreditam, mais, que acredita na sacralidade da biblia e acredita que ela é o registro da mais pura verdade. Sentenças bem formadas e irrefutáveis.
Mesmo assim, você não pode afirmar que deus existe, tão pouco que ele não existe.
Esse é um conceito famoso de Wittgenstein, que afirma que certas coisas não podem ser ditas, apenas mostradas.
Ao contrário do que o próprio círculo de Viena concebeu, o austríaco não afirma com isso que a metafísica deva seja um conhecimento nulo, quer dizer apenas que é impossível significar a metafísica. Linguisticamente é impossível explicar deus, pois não é um conhecimento que faça parte da lógica, tem relaçao com uma experiência transcendente que só é real para quem a vivencia.
É certo que existe uma verdade sobre o inicio de tudo, mas seja ela qual for, não tem relação nenhuma com o mundo como é, pois nada cria a si mesmo. Mesmo que você acredite que somos a imagem e semelhança do criador, isso é muito improvável, pois não possuímos a faculdade de criar seres (uma diferença a se considerar).
Estou querendo dizer que o que nos criou não ppode ser nada comparável as coisas que conehcemos, por isso não temos uma referência comparativa para concebê-lo, o que me permite afirmar, que muito provavelmente, a concepção que fazemos de deus seja um delírio. Veja, não estou falando de deus, mas de nossa concepção sobre ele.
Por que? Porque a condição de verdade é contingencial para nós. Aliás, afirmar que a verdade não é absoluta não é dizer que ela nunca poderá ser.
Abraço