sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

RENAN CALHEIROS, SILAS MALAFAIA E O BRASIL





Dilma pediu 1 minuto de silêncio pela tragédia em Santa Maria - RS. Pede-se agora, pela tragédia de eleição de Renan Calheiros a presidência do Senado, o mesmo minuto em respeito às vítimas: o povo brasileiro.

O que deixa mordido de raiva e sem entender o povo do Egito, por exemplo, é a inércia dos brasileiros em nada fazer quanto a isso.

É ele, Renan, que decidirá pela partilha dos Royalties do petróleo por exemplo.

Malafaia fala, no próximo dia 03/02/2013 , domingo, no SBT DE FRENTE COM GABI, sobre a mala de dinheiro que a Forbes constatou que ele tem. O mote qued usará é o da teologia da prosperidade: MEUS deus É UM deus DE BARGANHA. É esperar pra ver e e ouvir. E continuem as ofertas de 900 reais!

E o Brasil?

Deixa prá la....disfarça...

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

TEREMOS CREDIBILIDADE?

Transcrevo aqui o te4xto de ANTONIO PRATA da Folha.com que nos trás um pouco de pontos a pensar sobre o ocorrido em Santa Maria.


Acho que já contei aqui a história, mas a ocasião me permite repeti-la. Eu tinha 18 anos e estava em minha primeira aula de filosofia, na USP. O professor, Renato Janine Ribeiro, nos explicava que no fim do semestre seríamos avaliados por um trabalho individual, cujo limite deveria ser de 8.000 caracteres. Levantei a mão: "Se estourar um pouquinho esse limite, tudo bem, né?". Janine sorriu e disse algo mais ou menos assim: "O que é 'limite'? É aquilo que não se pode transpor. Mas vejam como são as coisas no Brasil: entre nós, o limite não limita! Repito: o limite é de 8.000 caracteres". 

Peço perdão ao filósofo se as palavras não foram exatamente essas. Assim, porém, é que ficaram gravadas na minha memória e é assim que me voltam, quase todo dia, quando me deparo com a nossa ilimitada necessidade de burlar a lei. 

Há uma altura máxima para prédios na rota do aeroporto, mas o empreiteiro constrói um "puxadinho", alguns metros acima. A construtora precisa botar de tantos em tantos metros, sob o concreto da rodovia, umas ripas de metal, mas economiza dinheiro aumentando a distância entre elas. Quantas pessoas que compraram a carta de motorista você conhece? Que têm gato de TV a cabo? Que já subornaram um guarda de trânsito para não ser multado? O avião vai decolar, o comissário de bordo pede para desligarem os celulares, mas o sujeito o ignora solenemente. O avião pousa, o comissário pede aos passageiros para que aguardem sentados até o "apagar do aviso luminoso de atar cintos", mas todo mundo levanta. Não um, não dois: todo mundo --como se respeitar aquele simples sinal luminoso equivalesse a ter a palavra otário escrita na testa. 

Um sinal luminoso também piscou na cabine do Fokker 100 da TAM, que taxiava na pista de Congonhas na manhã de 31 de outubro de 1996, alertando sobre um problema no reverso da turbina. O piloto o desligou. O luminoso piscou novamente, novamente foi desligado. Segundo o depoimento de outro piloto, dias mais tarde, esse era o costume: se fossem dar atenção a todo alarme que soava na cabine, nenhuma aeronave saía do chão. Às vezes, ao que parece, alarmes soam à toa. Às vezes, não: 24 segundos depois de decolar, o avião caiu, matando 99 pessoas.
Eu estava saindo para a USP, naquela manhã, quando o telefone tocou. Uma amiga do meu pai queria saber se era verdade que meu tio Duda, irmão da minha mãe e meu padrinho, estava entre os passageiros. Liguei a televisão. Vi a lista. Era verdade. 

Nas próximas semanas, o Brasil concentrará suas energias em encontrar os culpados pela tragédia de Santa Maria. É fundamental, se houver culpados (como parece ser o caso), que eles sejam punidos. É fundamental que as casas de show passem por reavaliações, como já estão passando. Mas se não mudarmos a nossa mentalidade, se não entendermos que as leis são universais, que há procedimentos que precisam ser executados conforme as regras, sem jeitinho, sem gambiarra, em TODAS as esferas, por TODAS as pessoas, as tragédias continuarão acontecendo --e a morte é um limite que nós, brasileiros, por mais espertos que nos julguemos, não somos capazes de transgredir.

Fonte: antonioprata.folha@uol.com.br
@antonioprata

domingo, 27 de janeiro de 2013

QUE TELEFONEMA VOCÊ RECEBEU HOJE?


Hoje acordei às 4h da manhã. Fui ao banheiro e me deitei novamente. Todos dormiam tranquilos: minha esposa, meus filhos. Dormi novamente e acordei às 7h. Ninguém me acordou, nenhum telefonema de sobressalto ou aviso se quer. Um dia de domingo tranquilo de sol em família. Mas essa tranquilidade foi quebrada ao ver na TV centenas de jovens mortos pela madrugada na qual dormíamos. Santa Maria, num boate. Até agora são 231 pessoas mortas.

Pais, mães, tios, irmãos, avós, amigos que receberam um telefonema desesperador: "ele(a) morreu...asfixiada...pisoteada.." ; "ele(a) não conseguiu correr porque estava bêbado(a)...desesperado(a)...portas fechadas...numa boate."

Quais os contatos que você ainda mantém no seu celular? Dos seus pais? Seus amigos, parentes, namorados(as), trabalho?
Neste exato momento estão apagando os contatos dos celulares daqueles que se foram ou ligando e tentando avisar alguém...numa boate; madrugada de domingo. Um a um.

Pelo Facebook começam a pipocar pensamentos e mensagens de que é melhor aproveitar a vida que tem, pois quando chegar a hora foi melhor ter vivido do que ter tido "pudores" ou "medos". A questão não é aproveitar a vida: eles estavam "fazendo" isso, pelo ponto de vista individual. A questão é saber que a vida é um bem penhorado e que a qualquer instante o Dono volta a buscar. Tem de ser administrada, USADA, MULTIPLICADA, ENRIQUECIDA, não a qualquer custo ou meio, mas do melhor e mais Vivo Caminho possível.

O meu filho de 17 anos está em casa agora, debatendo comigo as decisões sobre futuro profissional a tomar: "qual o melhor pai?" "Posso optar por esse trabalhar nisso, o que acha?" "Este era o meu escolhido mas mudei de idéias...etc." Ninguém está me falando dele no meu celular. Ele está aqui, do meu lado, como sempre ensinei ser melhor para aproveitar a vida. Não que ir à uma festa ou coisa que o valha seja perigoso: eu simplesmente não sei. Mas o meu trunfo é que DEUS SABE. E toda a administração da minha vida inclui a deles, sob a orientação dAquele que provê o Melhor Caminho para se aproveitar toda uma vida, agora e para sempre. A outra pergunta que está martelando aí na sua cabeça "PORQUE DEUS PERMITIU?" respondo que não sei! Você não sabe! Ninguém sabe! Sabe porquê? Ele não é seu vizinho, não é seu colega de trabalho, ele não é uma ação da petrobrás, não é um componente do Big Brother, não é um nível de óleo do seu carro, não é um arrepio na espinha, não é novela, não se submete a justiça do STF e nem à sua sensação do que é justo! Não dá para acompanhar Deus pois só alguém eterno poderá acompanhá-Lo, poder pensar junto e como Ele, poder começar a entendê-Lo! Por amar tanto todos estes "temporários" que somos quer torná-los eternos também...mas não a qualquer custo.

Não posso questioná-Lo....pois Ele já viu tudo. Eu e você não.

Parecer descolado, alegre, bem socioeconomicamente, não adianta nada agora nesse dia de domingo. Amanhã, segunda-feira, dia em que tudo continuaria normalmente, trabalho, faculdade, projetos, oficina do carro, limpar a casa, noivar, ligar para a família, tomar posse no concurso....nada mais é possível. Aquela terrível ligação no meio da noite acabou com tudo.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

SITUAÇÃO DA CHAPADA DO APODI - RN

Por William Pedeira

O ato expressivo fez parte das “24 horas de ação feminista” organizada pela Marcha Mundial de Mulheres na última segunda-feira, 10 de dezembro, quando foi celebrado o Dia Internacional de Direitos Humanos.

A concentração teve inicio às 8h com a caminhada partindo às 9h30 e ocupando as ruas de Apodi. Logo após, ocorreu um ato político no centro do município com a presença de Carmen Foro, vice-presidenta da CUT e coordenadora de Mulheres da Contag; Rosane Silva, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT; Nalú Faria, coordenadora da Marcha Mundial de Mulheres; Francisca Antônia de Lima Carvalho (Kika), vice-presidenta do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Apodi; e Francisca de Paiva (Ika), moradora da comunidade local. Estas duas últimas companheiras que têm sido referência na luta contra o projeto. O ato foi finalizado na chapada do Apodi, quando a manifestação fechou a estrada por alguns minutos em forma de protesto. “Foi um grande ato com presença de trabalhadores rurais, sindicatos urbanos, especialmente do SINTE, estudantes, MST e claro milhares de mulheres da Marcha Mundial e sua batucada”, relatou Rosane Silva.

Capitaneado pelo Ministério da Integração Nacional através do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) e com investimentos provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Projeto pretende desapropriar uma área com cerca de 14 mil hectares, que equivale a 14 mil campos de futebol, para a implementação de um programa de fruticultura irrigada. Ali, habitam atualmente cerca de 800 famílias divididas em cerca de 30 comunidades rurais. São grupos populacionais que possuem aspectos culturais, históricos e sócio-econômicos próprios, constituindo-se uma referência nacional em produção agroecológica e familiar.

Em dossiê-denúncia, entidades locais, nacionais e moradores da região apontam diversas violações que serão implementadas com projeto: desrespeito aos direitos humanos, culturais, históricos e patrimoniais das comunidades que residem na região; degradação ambiental à uma localidade que possui características de relevo, fauna e flora peculiares, bem como formações arqueológicas de grande importância para o patrimônio histórico brasileiro; investimento de dinheiro público em uma obra onde não há perspectiva de resultado econômico e social, além de servir como propulsora de uma das maiores tragédias do sertão nordestino nos últimos anos.

“Este é o mesmo local onde o ex-presidente Lula anunciou em 2005 o conjunto de programas Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) Mulher e Pronaf Agricultura Familiar. Portanto, é uma contradição muito grande. É a expressão da disputa do modelo de produção agrícola. É outro programa contrapondo ao projeto de convivência com o semi-árido e de produções agroecológicas construído ao longo de vários anos pelas comunidades locais e reconhecido nacional e internacionalmente. Sabemos que quando o capital quer se estabelecer passa por cima de tudo”, critíca Carmen.

O custo para construção do projeto ultrapassa os R$ 240 milhões. Em momento algum, cita Carmen, as comunidades locais foram chamadas para expressar sua opinião. Foram apenas comunicadas sobre a construção do projeto e o consequente  remanejamento das ações indenizatórias que muitas vezes são irrisórias e não compensam todo o prejuízo social, material, cultural e ambiental.

De acordo com a dirigente da CUT, após a Marcha das Margaridas realizada no ano passado, a presidente Dilma suspendeu a assinatura do projeto. Mas essa suspensão foi logo revista. “Infelizmente, não temos um canal de diálogo aberto. Há toda uma preocupação, um empenho nacional em buscar este diálogo com o governo. Nossa esperança é que com este ato expressivo e sua repercussão o governo convoque uma conversa com os atores envolvidos. É um processo incansável de luta até que seja respeitado os direitos da população local com a suspensão permanente do projeto.“

Informações inconsistentes – segundo a legislação ambiental vigente, empreendimentos como os perímetros irrigados precisam passar obrigatoriamente por um estudo aprofundado que possibilite dimensionar os ataques contra o meio ambiente, assim como as violações de direitos humanos, históricos e sociais.

Acontece que no respectivo projeto ficam evidentes as inconsistências e contradições no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Não quantifica os impactos e tampouco oferece condições reais que possam dimensionar as agressões ao meio ambiente. As explicitações, segundo o dossiê, se reduzem as imprecisões no âmbito das possibilidades, não apresentando dados concretos que caracterizam as violações ao meio ambiente.

São agressões ao solo por conta do desmatamento de grande área e movimentos de terra, agressões nas reservas hídricas ocasionadas pelo escoamento das águas contaminadas por agrotóxico, defensivos agrícolas e fertilizantes utilizados pela produção da fruticultura irrigada. Em função do desmatamento e do manejo do solo também poderão ocorrer problemas de erosão, assoreamento dos corpos de água e falta de controle no uso de fertilizantes e biocidas, além da salinização do solo decorrente do manejo incorreto da técnica e do sistema de drenagem.

Há na área de influência indireta do empreendimento grande associação fossilífera do período cretáceo, com a presença de fósseis de grupos vertebrados e invertebrados, cuja importância se ressalta em função de seu valor histórico, científico e cultural para o estado do Rio Grande do Norte.

Tais problemas foram apontados no EIA-RIMA somente de maneira artificial, sem nenhuma análise profunda dos impactos.

Veja aqui o dossiê completo.

Fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/11393